Norma Santi
Perdoa-me se não pude me despedir de ti na janela.
Não queria que visses minha lágrima no olho,
Nem meu nó na garganta.
Não sei a mágica de fazer o tempo correr.
Tão pouco fazê-lo parar.
Não sei estalar os dedos
Para arrumar a mala.
Não sei conter o coração dentro do peito.
Mas sei fazer a poesia que me aproxima de ti.
Executar a música que reflete minha alma.
Sei respeitar a farda
Que me faz sentir o fardo da dor.
Tenho sabido colocar cada coisa a seu tempo.
Esperado cada amanhecer,
Pois sei que é nele que posso te encontrar.
Mas não sei conter a minha alma que agora escorre para fora.
Nem mesmo a canção me acalma.
Minha voz segue rasgada.
Um blues.
Uma guitarra que reclama
Sua presença.
Abraço meu corpo
Do jeito como tu o farias.
Suspendo a dor, lembrando do teu riso.
E voo contigo.
Traio o tempo e espaço.
E construo a ponte
Que mantém unidas as nossas mãos.
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