Norma Santi
Provisório,
Colapso,
Desordem,
O olho semiaberto
A diária luta da luz contra a retina.
Arrasto o humor pela casa.
Minha imaginação mergulhada em delírios
Mete-se enlouquecida a revirar gavetas:
Uma menina de urso na mão
Perambula pela casa.
Penso que me observa.
A água no corpo me salva,
Esfria a tensão.
Começo a sentir o pulso.
O mundo se movimenta.
A cafeína me desperta.
Saio da casa.
A louca senta comigo enquanto espio janelas.
Aproveita cada deslize de minha atenção.
Zombateira, logo se mete em encrencas.
Sabe que nem mesmo a loucura me é permitida.
Vaga entre dois mundos,
Ambos provisórios
Caminho provisório.
Nada é nosso.
Tudo é emprestado
Ao provisório tempo de estar aqui.
Corpo provisório
Numa alma eterna.
É por isso que cabem nela todos os mundos,
Todas as arbitrariedades,
Tudo que é por pouco e pra sempre.
Provisória é a vida!
Provisória a saciedade.
Provisória a tempestade.
Provisório o sol,
Mesmo diante de sua majestade.
Sacudo-me,
Volto ao ponto do outro lado.
Sigo na direção inversa.
Provisório é o clic da luz apagando a escuridão.
Provisória é a luz banhada da escuridão.
Constante apenas o déjà vu.
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