A felicidade, quando da boa,
Enche o corpo de pequenos gritos.
Expulsa sangrias, gangrenas, maus humores.
A felicidade, quando da boa,
É praga,
É toda espevitada, exclusivista.
Apaga da memória as outras felicidades
E traiçoeiramente trancafia os dias de tristeza.
Enche-se de zes,
Protege-se nos ecos,
Apodera-se de cada micro espaço organismo.
A felicidade quando impera
Deleita-se no poder de rainha
Absoluta, ditatorial, implacável.
Mas a felicidade é efêmera, vã.
Volúvel,
Logo se cansa e procura novos ares.
A felicidade, quando da boa,
vai embora.
Deixa o ambiente desolado
E atira no leito sua vítima.
Mas não tem jeito.
Quando se conhece a felicidade,
Dedicamos o tempo a reencontrá-la.
Como amantes perdidos no tempo
Em busca de um vago e solene momento.